Semana de 3 a 9 de abril de 2022 V Domingo Quaresma – Ano C
É importante prepararmos o espaço para a nossa oração. Escolhemos um local confortável e onde podemos concentrarmo-nos no que vamos fazer. Temos um Bíblia aberta em João 8, uma pedra (de tamanho suficiente que dê para segurar na mão) e uma vela que acendemos ao iniciar a oração.
Com a certeza que Deus misericordioso está no meio de nós, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor. Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Deus não só é digno de louvor como, na verdade, somente Ele deve ser adorado. O Senhor é digno de louvor em qualquer altura das nossas vidas.
Triste estou por ter perdido a inocência pura que vivi Pedaços que de mim caíram pareciam ter caído no vazio Mas Deus ouviu, quando eu clamei, quando pequei…
É feliz quem já chorou ao perceber que é pecador Ao clamar pelo perdão meus pedaços Deus juntou
Para longe caminhei sem ter Deus até o respeito próprio eu perdi tentando procurar saídas na mesma armadilha eu caí Mas Deus ouviu, quando eu clamei, quando pequei…
É feliz quem já chorou ao perceber que é pecador Ao clamar pelo perdão meus pedaços Deus juntou
E a fórmula de vida que resiste à tentação é buscar sua palavra se render em oração eu nem mesmo tenho forças p´ra enfrentar quem já perdeu minha armadura é Deus
É feliz quem já chorou ao perceber que é pecador Ao clamar pelo perdão meus pedaços Deus juntou
Porque o Senhor faz maravilhas nas nossas vidas e nos incita à renovação e a nascer de novo, agradecemos algumas situações concretas das nossas vidas. Para isso, um pega na pedra que colocámos inicialmente no meio de nós, partilha os seus agradecimentos e passa a pedra para que outra pessoa continue a dar as suas graças até que todos tenhamos partilhado o que nos vai na alma.
Um de nós vai ler em voz alta esta passagem bíblica de Jo 8, 1-11 e, com atenção, deixemo-nos transportar para aquele tempo e perceber a atitude de Jesus.
Naquele tempo, Jesus foi para o Monte das Oliveiras. Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo, e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar. Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar».
Após ouvir com atenção a mensagem de Deus, aprofundamos alguns aspetos deste texto:
Primeiro: o “tribunal farisaico” da opinião pública Apanharam aquela mulher em flagrante e, no seu primeiro ímpeto, a multidão decide arrastá-la pela cidade e expor o seu erro. Depois levam-na para ser “julgada”. A lei diz que ela errou e quem erra desta forma deve ser apedrejado. Aqui estão os passos da multidão justiceira: exposição, julgamento e apedrejamento. Esta malícia e hipocrisia ainda hoje se verificam. Os outros são dignos de disciplina e de terem os seus erros expostos diante de todos, mas nós somos dignos de perdão, porque afinal somos “quase perfeitos” e o nosso erro não passou duma pequena escorregadela que não se repetirá. Neste tribunal, a conduta dos acusadores não era idónea porque o seu coração estava cheio de hipocrisia e de malícia. Eles tinham como intenção apanhar Jesus em contrapé. Fazem da Lei uma isca, uma armadilha para apanharem Jesus. Eles usam esta mulher para colocar Jesus num beco sem saída. Se Jesus concordasse com a execução da mulher, então o seu ministério de amor seria uma farsa. Por outro lado, se Jesus determinasse o perdão da mulher, ia contra a lei de Moisés.
Segundo: o tribunal da consciência “Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra.” Com esta frase, Jesus coloca-nos a todos nós num mesmo pé de igualdade, mas nós, orgulhosos, prepotentes e hipócritas, acreditamos que é possível estarmos em patamares diferentes porque não cometemos os mesmos erros que cometem aqueles que condenamos. Jesus nivelou os acusadores ao pecado daquela mulher e disse que somente quem fosse santo, quem não tivesse pecado, quem não tivesse desejo pecaminoso, poderia ser o primeiro a atirar a pedra. Aqui deu problema: todos os que tinham pedras numa mão estão cheios de pecados na outra. Eles sentiam indiferença perante a mulher, inveja e ódio de Jesus e estavam a maquinar a sua morte, por isso não se sentiam inocentes e sem pecado e assim o tribunal da consciência não lhes permitia atirar a primeira pedra. Quando somos confrontados com os nossos pecados, há uma quebra e as nossas pedras caem no chão e percebemos que há espaço para o outro também ser perdoado.
Terceiro: O tribunal da misericórdia e da graça “Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.” Jesus era o único em condições de atirar a primeira pedra e não fez. Ele nem numa pedra pegou. Ele perdoa, liberta e livra. Jesus restaura a dignidade da mulher mas não diminui a gravidade do seu pecado. Ele não disse que ele era inocente ou que o seu pecado não tinha importância, mandando-a para casa como se nada tivesse acontecido. Jesus não tomou o partido da mulher mas deu-lhe uma nova oportunidade, encorajando-a: “vai”, volta à vida, não fiques a carregar a tua culpa, vai livre, perdoada, restaurada.
O perdão tem as suas exigências, por isso Jesus despede a mulher em paz mas diz-lhe: “não voltes a pecar”. A natureza do verdadeiro arrependimento não é um novo arrependimento mas a atitude firme de abandonar o pecado, não ser reincidente. Não sabemos o que aconteceu na vida daquela mulher mas ela nasceu de novo.
A graça e a misericórdia de Deus fazem-nos nascer de novo, restauram-nos a dignidade e dão-nos uma nova oportunidade para mudarmos aquilo que está mal na nossa vida.
Reconhecendo que temos muito em que melhorar e que Deus nos concede o Seu misericordioso perdão e incontáveis oportunidades para mudarmos, vamos segurar na pedra, partilhar a resposta individual a cada questão e passamos a pedra de uns para os outros, tendo o cuidado de segurar na mão do outro (antes de lhe colocar a pedra).
Sou empático, consigo colocar-me no lugar dos outros?
Que esforços faço para perdoar os outros?
Quantas vezes me precipito na hora de julgar os outros?
Percebo que sou tão pecador como todos os outros Homens?
Já condenei e atirei pedras a alguém por alguma atitude que eu também fiz ou faço?
Com a certeza que Deus Todo Poderoso tudo pode e que na Sua graça e misericórdia tudo é possível, peçamos-lhe o que mais nos preocupa.
Preparando-nos nesta quaresma para a Páscoa do Senhor, rezemos esta oração:
Senhor, Tu que não me condenas e perdoas incansavelmente; Tu que morres por mim e Te humilhas por mim… Faz-me perceber a Tua verdade mesmo na minha cegueira e ajuda-me a nascer de novo, pela Tua misericórdia e perdão.
Cheios de Espírito Santo, terminamos esta oração, benzendo-nos