Semana de 26 de dezembro de 2021 a 1 de janeiro de 2022 Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José – Ano C
Afastamos os restos dos embrulhos de Natal, sacudimos as migalhas e os grãos de açúcar e arranjamos um cantinho para fazermos a nossa oração. Até porque o Natal só faz sentido se O recebermos, O acolhermos e estivermos reunidos em Seu nome. Seria bom termos uma Bíblia preparada em Lc 2, 41-52 e uma vela para acendermos (pode ser com a luz de Belém) quando começarmos a oração.
Certos de que “o Verbo de Deus acampou entre nós”, escutemos este cântico, de mãos dadas, olhos fechados e sintamos a Sua presença
Deslumbrados pela dimensão do amor que brota da Sagrada Família, benzemo-nos: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
Honremos e dêmos Glória a Deus escutando com entusiasmo o cântico
O Céu está todo a brilhar Ovelhas estão a observar Eu fecho os olhos e vejo a noite Que o amor nasceu
A mãe se inclina pra beijar O rosto do filho de Deus Eu fecho os olhos e vejo a noite Que o amor nasceu
Anjos enchem todo o céu a cantar Aleluia Ele é Cristo, nosso Rei
Emanuel, Príncipe da paz O amor desceu pra ti e pra mim Do Céu chegou o grande dom Pra iluminar os corações
Belém, lindo lugar De ti nasceu o Salvador A paz de Deus o mundo mudou Quando o amor nasceu
Anjos enchem todo o céu a cantar Aleluia Ele é Cristo, nosso Rei
Eu fecho os olhos e vejo a noite Em que o amor nasceu
Com o coração arrebatado pelo exemplo de amor que exala da Sagrada Família, mostremos, em voz alta, a nossa gratidão a Deus Pai, pelas graças e dons que reconhecemos resultantes da Sua presença na nossa vida e na nossa família.
Devotados a fertilizar a nossa família com o Amor de Deus, escutemos atentamente as Suas palavras no excerto de Lc 2, 41-52, que um de nós vai ler em voz alta
Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele fez doze anos, subiram até lá, como era costume nessa festa. Quando eles regressavam, passados os dias festivos, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Julgando que Ele vinha na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-l’O entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Passados três dias, encontraram-n’O no templo, sentado no meio dos doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos aqueles que O ouviam estavam surpreendidos com a sua inteligência e as suas respostas. Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados; e sua Mãe disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura». Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?» Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse. Jesus desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.
Procuremos compreender as palavras que escutámos, que são fonte de vida, inspiração e referência fundamental nas nossas vidas
O evangelho proposto para esta Festa é um embaraço para a família de Nazaré. Se o objetivo do evangelista fosse simplesmente apresentar o retrato duma família perfeita, certamente teria contado a história de outra maneira, omitindo alguns detalhes do relato atual. No entanto, este embaraço da Sagrada Família ajuda-nos a refletir sobre três aspetos: perder, procurar e encontrar Jesus.
Perder Somente pais muito desatentos iniciariam a viagem de volta sem se dar conta do sumiço do filho. As pessoas que teriam menor probabilidade de perder Jesus eram Maria e José, mas eles perderam, como muitos outros pais também perdem os filhos em muitas circunstâncias e nem percebem como. Como os pais de Jesus, muitos cristãos que já experimentaram uma vida com Ele estão a deixar Jesus para trás. Muitos cristãos tornaram-se espiritualmente negligentes e vão perdendo a comunhão com o Senhor. A perda é um processo e não acontece de forma repentina. Muitos perdem Jesus na caminhada, mesmo depois de terem andado com Ele mas as preocupações com as solicitudes do mundo fizeram com que deixassem Jesus para trás. Maria e José envolveram-se tanto com a festa que nem repararam que Jesus não seguia com eles.
Procurar Quando Maria percebeu que perdeu Jesus de vista, começou um processo de busca. Em primeira instância, Ela procurou o filho na caravana composta por parentes e amigos. Maria pensou que Jesus estava entre os companheiros de viagem. Não te enganes, pensando que, se Jesus está próximo de alguém que é teu amigo, companheiro ou familiar, Ele estará próximo de ti. O relacionamento com Jesus é individual porque o Senhor revela-se a cada um de forma separada. Maria não se importou com a vergonha que passaria em assumir que não sabia onde estava o Seu Filho, que o perdeu de vista, que ficou para trás já lá vai um dia. Quantas vezes preferimos manter a pose de religiosos a assumir que perdemos Jesus de vista. É difícil admitir a fraqueza, é difícil admitir a frieza espiritual, é difícil admitir que cada dia que passa temos menos vontade de orar, ler a Palavra de Deus, ir à Eucaristia. Não seria melhor “descer do pedestal” e assumir as nossas limitações, iniciando um processo de procura, do que continuar a caminhar cegos e sem Jesus?
Encontrar Maria e José começaram por procurar Jesus no local errado (entre os companheiros de viagem). Para encontrar Jesus, eles tiveram de retornar o caminho, voltar onde O perderam, retroceder ao momento em que Jesus deixou de ser uma prioridade na Sua vida. Eles encontraram Jesus no Templo. Este era o local mais óbvio para se encontrar o Filho de Deus. Podemos comparar este templo com o coração humano. Muitas vezes procuramos Jesus em muitos lugares quando Ele sempre esteve pertinho de nós, no nosso coração, mas teimamos em procura-l’O no local errado. Se perdeste Jesus, começa a procurar pelo teu coração porque foi aí mesmo que o perdeste, foi aí que Ele deixou de ser uma prioridade e por isso te esqueceste Dele.
Não podemos negligenciar o risco de perder Jesus porque isso significa uma vida sem comunhão com o Senhor. Mas há esperança: basta procura-l’O de todo o coração, pois Ele está ansioso por te reencontrar e fazer parte da tua vida.
A nossa família potencia o nosso crescimento, abre-nos horizontes e leva-nos ao encontro do mundo. Aspiremos imitar a Sagrada Família, onde cada elemento é exemplo pela Sua identidade e missão próprias e nos inspira a cumprir a vontade do Pai. Reflitamos juntos:
Quais as preocupações e solicitudes que me fazem ou podem fazer perder Jesus da minha vida e da minha família?
Quando sinto que me estou a afastar de Jesus, o que faço para me aproximar novamente?
Sinto que perder Jesus é estar longe do Seu amor e da Sua comunhão?
Tento ajudar aqueles que perderam ou se afastaram de Jesus a regressarem ao Seu convívio?
Um gesto tão simples, como um abraço sentido, pode fazer a diferença no nosso dia. Abracemo-nos, com calma, com significado, aproveitando para trocar uma palavra, uma pequena frase com cada familiar.
Submissos à vontade do Pai, entreguemos-Lhe a nossa família e as nossas preces.
Aconchegados pela nossa família e em intimidade com Jesus, rezemos com fé: Pai Nosso…
Rezemos juntos esta oração do Papa Francisco à Sagrada Família de Nazaré: Jesus, Maria e José, em Vós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor e, confiantes, a Vós nos consagramos.
Sagrada Família de Nazaré, tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração, autênticas escolas do Evangelho e pequenas igrejas domésticas.
Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias episódios de violência, de fechamento e divisão; e quem tiver sido ferido ou escandalizado, seja rapidamente consolado e curado.
Sagrada Família de Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do caráter sagrado e inviolável da família e da sua beleza no projeto de Deus.
Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica.
Amén
Com a Sagrada Família como companhia e Luz para os nossos corações, benzemo-nos
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
Visto que temos que nos confinar e proteger, em vez duma sugestão de leitura, ficam aqui duas: