Semana de 28 de novembro a 4 de dezembro de 2021 I Domingo do Advento – Ano C
Prepara-se o cantinho de oração, abre-se a Bíblia no versículo 25 do capítulo 21 de São Lucas e acende-se uma vela que cria uma atmosfera mais calma e contemplativa.
Com alegria, evoquemos a fecundidade de Jesus nos nossos corações, benzendo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor.
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Assim como preparámos o local, também o nosso coração tem que ser preparado para a oração. Aproveitemos este momento!
Reconhecendo que a vida em abundância e plenitude são fruto da ação do Messias, tributemos-lhE a nossa gratidão, em voz alta, pelas graças, dons e dádivas que germinam nas nossas vidas.
Permitamos que a Palavra de Deus cresça no nosso coração e frutifique em nossas vidas, escutando atentamente o trecho de Lc 21, 25-28.34-36, que um de nós vai proferir em voz alta
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida, e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha, pois ele atingirá todos os que habitam a face da terra. Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem».
Busquemos a capacidade de transformação em nós das palavras que escutámos e aprofundemos o seu significado, escutando
Partilho a história da pedra ameaçadora. Ninguém sabia se tinha sido um anjo ou demónio a colocar aquela pedra enorme naquele lugar. Ela estava encostada na montanha mas podia desprender-se a qualquer momento e acabar com boa parte da pequena vila que estava no fundo do vale. Os homens acolheram o desafio de vigiar os movimentos da pedra. Todas as noites, um deles subia ao monte com uma lanterna na mão e ficava a observar. Se a pedra saísse do lugar, ele devia avisar a população da vila tocando uma trombeta. Podia chover ou soprar o vento, com lua no céu ou se caísse neve, um homem vigiava para que todos pudessem dormir em paz. Vigiar a pedra era uma grande fadiga mas também um orgulho. Na manhã seguinte, aquele homem descia do monte e parecia-lhe que toda a vila estava a sorrir para ele de forma agradecida. O tempo, porém, passou e trouxe outras satisfações e outros orgulhos. Assim, aos poucos, pareceu inútil aquilo que antes era considerado importante. A grande pedra estava ali há séculos e nunca se tinha mexido, porque deveria cair agora? Também se dizia que era tarefa do presidente da câmara pagar a alguém que fizesse esse trabalho. E o estado? Também ele deveria ajudar com o dinheiro público. Depois de muitas discussões, decidiram suspender o trabalho de vigilância. Não tinha mais sentido continuar com aquilo. Nunca é fácil gostar do próprio dever a não ser que a pessoa que o faz encontre nela mesma o gosto daquilo que faz e cada dia renove o seu compromisso. Aqueles homens eram demasiado atraídos por prazeres exteriores para procurar razões interiores. Assim, nunca mais ninguém subiu ao monte para conferir a pedra que ainda lá estava mas já tinha descido um bom metro rumo ao vale. No início do advento, Jesus adverte-nos para a vigilância. Vigiar é fazer tudo para que os nossos corações não se tornem pesados. O que torna o nosso coração pesado? O Evangelho fala da “intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida”. As preocupações da vida, isto é, as nossas ligações excessivas aos bens materiais tornam-nos escravos de desejos e impulsos. Andamos tão preocupados, tão atarefados, correndo o dia todo, cada um atrás dos seus interesses e até ficamos com a consciência adormecida. Deixamo-nos ir na correria e nem paramos para pensar. Acordamos ou abanamos quando acontece algo sério e grave na nossa vida. “Tende cuidado convosco”, diz Jesus. Quando recomenda cautela com certas atitudes, Jesus tem em vista a nossa salvação pessoal e a nossa realização. Ele quer-nos despertos e de cabeça levantada. A pessoa desperta, vigilante, é aquela que vê a novidade em tudo, que vê novos horizontes. Às vezes andamos como “anciãos encurvados” e com a cabeça baixa movemo-nos sob o peso de tradições, de fracassos, marcados pelo desalento, pela desesperança, pela desilusão, pelas derrotas, porque nos movemos na rotina e não agimos no presente. Tomai cuidado, vigiai, estai desperto. Cuidado com a pedra, não baixem a guarda, estejam preparados. Não andeis distraídos com preocupações, com a procura de prestígio, poder e ter. Que tudo isto não tome conta do nosso coração. Tudo pode embriagar o nosso coração e torná-lo insensível, como outros interesses levaram a deixar de vigiar a pedra. Fiquemos sempre atentos, vigiando para que a pedra do egoísmo e da insensibilidade não nos faça parecer que é inútil amar a Deus e ao próximo, fechando-nos em nós mesmos.
Com o pensamento renovado e as nossas preocupações pessoais que eclodiram do texto e da reflexão, reflitamos e partilhemos:
Sou vigilante ou distraio-me, deixando que os outros façam esse trabalho?
Há alguma “pedra” que devo vigiar para não ser destruído a nível pessoal e familiar?
Tento servir Jesus ou movo-me por interesses egoístas?
O que pode estar a adormecer o meu coração no amor a Deus e ao próximo?
Sob a ação redentora das palavras e dos gestos de Jesus, que resgatam o nosso coração de uma vida de egoísmo e de pecado, enunciemos em voz alta, as nossas súplicas
Com a nossa permissividade, que Jesus converta o nosso coração… Oremos ao Pai Pai Nosso…
Senhor, que o Vosso Espírito nos mantenha vigilantes, numa oração perseverante e num amor cada vez mais intenso para que possamos trilhar firmes o caminho de uma santidade irrepreensível, deixando que a presença de Jesus nos transforme o coração.
Atentos e intentos que Jesus Se faça vida nos nossos gestos e palavras, benzemo-nos