Semana de 5 a 11 de setembro de 2021 XXIII Domingo do Tempo Comum – Ano B
O espaço de oração deve ser onde nos sintamos bem, de forma a promover a concentração e a partilha. Precisamos também de uma vela e de uma Bíblia (que pode estar aberta no capítulo 7, versículo 31, do Evangelho segundo São Marcos). Na altura de iniciar a oração, acende-se a vela.
Comprometidos a seguir Jesus no caminho do amor, da partilha e da doação, benzemo-nos
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor.
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Vivemos um tempo de desafios, de interpelações, de procura, de risco… Busquemos Deus, louvando-O e escutando atentamente este cântico
Não me quero esquecer de Ti Nem do que representas p’ra mim És mais do que aquilo que eu possa sonhar Quero me entregar
Não quero ter um coração ingrato Nem depender de mim mesmo Quero te dar o controlo Vivendo em santidade E ser moldado por Ti
Oh como é bom recordar Os meus momentos de aflição E neles conseguir ver tua mão Enchendo todo o meu ser Fazendo-me a Ti pertencer Deleitando-me em Teu colo
Nada sou sem Ti Quero dar-te um louvor genuíno Honrar-te com o meu viver E lembrar-me do que sou em Ti Que essa doce presença Me possa envolver Humilde Estou
Senhor, força de amor infinito que cura e transforma, vamos ao Teu encontro, cheios de alegria, de vida abundante e de fé, para agradecer verbalmente, e não apenas no nosso íntimo silencioso, as Tuas manifestações que reconhecemos abundantes na nossa vida.
Desfrutemos das palavras de São Marcos que um de nós vai ler em voz alta, preferencialmente, da Bíblia
Naquele tempo, Jesus deixou de novo a região de Tiro e, passando por Sidónia, veio para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. Trouxeram-Lhe então um surdo que mal podia falar e suplicaram-Lhe que impusesse as mãos sobre ele. Jesus, afastando-Se com ele da multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva tocou-lhe a língua. Depois, erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe: «Effathá», que quer dizer «Abre-te». Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão da língua e começou a falar corretamente. Jesus recomendou que não contassem nada a ninguém. Mas, quanto mais lho recomendava, tanto mais intensamente eles o apregoavam. Cheios de assombro, diziam: «Tudo o que faz é admirável: faz que os surdos oiçam e que os mudos falem».
“Cheios de assombro”, tentemos perceber a mensagem deste episódio da bíblia.
“Cheios de assombro”, tentemos perceber a mensagem deste episódio da bíblia
Deus quer comunicar connosco O surdo-mudo é alguém incapaz de comunicar porque não ouve e também não pode falar. No tempo de Jesus, além da doença em si a surdez era uma maldição porque impedia de ouvir a palavra do Senhor proclamada nas sinagogas. Este homem assume um significado simbólico: representa os que têm os ouvidos fechados à palavra de Cristo. Antes de Cristo, todos os homens tinham os ouvidos fechados à mensagem do céu. Nem sequer o povo judaico, a quem o Senhor tinha falado por meio dos profetas, a partir duma dada altura, deu ouvidos à sua Palavra, ficando surdo. Ao curar o surdo-mudo, aprendemos que Deus não está fechado em si mesmo mas abre-se e põe-se em comunicação com a humanidade. Na sua imensa misericórdia, Deus supera o abismo da infinita indiferença entre Ele e nós e vem ao nosso encontro. Para realizar esta comunicação, Deus fez-se homem: não só nos fala por meio da lei e dos profetas mas torna-se presente na pessoa do Seu Filho, a Palavra feita carne. Com Jesus começou um novo diálogo entre o céu e a terra. A todos os homens e mulheres são abertos os ouvidos e o coração.
Deus quer comunicar connosco sem limites No texto do Evangelho, Jesus está “em caminho”. Ele sai de Tiro, passa por Sidónia com destino ao mar da Galileia, passando pelo território da Decápole, isto é, usando o trajeto mais longo. O evangelista quer dizer-nos que Jesus está a fazer uma expedição em terras pagãs com outras religiões e diferentes costumes. A Boa Nova é para todos e todas as pessoas que a procuram e desejam acolhê-la e não é propriedade de nenhum grupo humano. É uma mensagem que é libertadora que oferece Vida e vida em abundância (Jo 10, 10). Não há excluídos nem marginalizados nem pessoas que vivam à margem do caminho, como o surdo-mudo. O amor de Deus não tem limites geográficos ou raciais. Deus quer comunicar com todo o ser humano independentemente da sua situação porque é Amor e o amor não tem lei nem fronteira. A cura deste estrangeiro mostra a gratuidade do amor de Deus.
A comunicação requer abertura A ordem de Jesus – “Abre-te!” – não foi dada à orelha, nem ao ouvido daquele homem mas à sua pessoa. Não se trata simplesmente de ouvir e falar mas trata-se da surdez e mudez localizada no coração do ser humano. Esta é uma tendência do coração humano que a Sagrada Escritura sempre denunciou: o fechar-se em si mesmo para não acolher a proposta que Deus faz. As palavras do Salmo 80 são bastante elucidativas ao dizerem: “Ah, se o meu povo me escutasse, se Israel seguisse os meus caminhos… mas o meu povo não ouviu a minha voz, Israel não me quis obedecer, por isso os entreguei à dureza do seu coração para que sigam os seus próprios caminhos“. A cura do surdo-mudo é um milagre que vai muito além da cura física: é um convite a abandonar a surdez e a dureza de coração. Este Evangelho também fala de nós. Somos surdos quando nos fechamos em nós mesmos e não temos gestos de compreensão, compaixão, solidariedade, amor ao próximo, misericórdia e diálogo para com os outros. Somos surdos-mudos quando tapamos os ouvidos aos convites que Jesus nos faz deixarmos certos hábitos e comportamentos pouco corretos para seguir o caminho da lealdade, bondade e generosidade. “Abre-te!” Aqui está todo um programa para acolher o Senhor que vem até nós.
Chamados a testemunhar o amor, a bondade, a misericórdia e a tolerância de Cristo para com todos os irmãos, sem exceção, reflitamos juntos, para podermos assumir uma fé operativa, traduzida em compromisso social e comunitário:
Tenho os ouvidos abertos à Palavra de Deus?
Perante Deus tomo uma atitude proativa ou faço-me surdo e mudo?
O que me impede de ver, ouvir, falar ou andar no caminho que Deus ensina?
Deus vem ao meu encontro. Será que também eu vou ao encontro dele?
A Ti Senhor, que Te aproximas de nós com carinho, cercando-nos com o Teu abraço, entregamos, em voz alta, os pedidos dos nossos corações que Te querem escutar e seguir.
Sentindo as mãos de Deus impostas sobre nós, cantemos e rezemos com confiança
Senhor, que por Cristo ficaste ao lado dos pobres, dos desfavorecidos e dos excluídos da sociedade, toma a defesa das vítimas de injustiça humana e cura os que estão inibidos de “ver”, “ouvir”, “falar” e “andar”, para poderem acolher a Tua Palavra e colocar em prática os Teus ensinamentos.
Dispostos a aceitar com simplicidade e humildade os dons e a cura de Deus, benzemo-nos
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
Se tivermos tempo, deixemo-nos envolver pelas ternas e educativas palavras do Papa Francisco