Semana de 07 a 13 de março de 2021 III Domingo da Quaresma – Ano B
Estamos na Quaresma, tempo de reflexão, mudança interior e oração. Mesmo reconhecendo que não somos a família perfeita e que nenhum de nós é perfeito, tentamos e ajudamo-nos mutuamente a seguir Jesus. Esquecemos, por momentos, tudo o que possa perturbar a nossa disponibilidade mental e ficamos confortáveis e atentos para O escutar e uns aos outros. Abrimos a Bíblia em Ex 20, 1-5b.7 e Jo 2, 13-16 e colocamos a etiqueta de porta. Podemos ter junto de nós uma cruz e um pano roxo que nos relembram a Quaresma e, quando prontos, acendemos uma vela…
Desejosos de escutar as propostas de Deus e de as concretizar em gestos de doação, entrega, serviço simples e humilde aos irmãos, iniciamos a nossa oração com o sinal da cruz.
Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do Espírito Santo, estamos aqui,
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: estamos aqui, Senhor, ao Teu dispor.
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar: e aclamar Deus Trino de Amor.
Em nome do Pai…
Já sabemos que a oração exige algum esforço… E querer o que Deus quer?
O Senhor libertou o Seu povo da escravidão e mostrou-nos os Seus mandamentos e o caminho da purificação. Agradeçamos a Deus cada pequena libertação que ele nos deu, seja um vício, uma má ação ou apenas um caminho que gostássemos de ter seguido.
Hoje, temos duas leituras pequenas: Êxodo 20, 1-5b.7 e João 2, 13-16. Um de nós lê, preferencialmente da Bíblia.
Naqueles dias, Deus pronunciou todas estas palavras: «Eu sou o senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egipto, dessa casa da escravidão. Não terás outros deuses perante Mim. Não farás para ti qualquer imagem esculpida, nem figura do que já existe lá no alto dos céus ou cá em baixo na terra ou nas águas debaixo da terra. Não adorarás outros deuses nem lhes prestarás culto. Não invocarás em vão o nome do Senhor teu Deus, porque o Senhor não deixa sem castigo aquele que invoca o seu nome em vão.
Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados às bancas. Fez então um chicote de cordas e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas; e disse aos que vendiam pombas: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio».
(as primeiras letras designam o livro, o primeiro número indica o capítulo e depois os versículos; o “.” significa que é um salto e que não se leem esses versículos, enquanto que o “-” significa que se leem todos os versículos do número à esquerda até ao da direita)
A Lei do Senhor, ou os Mandamentos, deve ser vista como uma seta que aponta o caminho da vida. Na Lei, Deus fala-nos da vida que deseja – conviver com o seu povo. A Lei é uma bênção que leva o salmista a cantar desta forma: “a lei do Senhor é perfeita, ela reconforta a alma.” (Salmo 18) A Lei ou os Mandamentos do Senhor começam assim: “eu sou o Senhor teu Deus…não terás outros deuses além de mim”. Esta é a primeira e principal condição: recusar a idolatria. Esta traduz-se como aquilo que ocupa indevidamente o lugar de Deus. Todos os mandamentos, antes de serem proibições, são indicações para colocar Deus em primeiro lugar, na nossa vida. Um ídolo é qualquer coisa que tira o foco principal de Deus e o coloca abaixo de alguém ou de alguma coisa. É impressionante o que se adora hoje, porque cada tempo e cultura tem os seus ídolos com os seus totens e rituais. Quais são os deuses da beleza, do poder, do dinheiro, do sucesso que assumiram proporções míticas na nossa vida individual e na sociedade? Os ídolos e idolatria acabam por dominar o ser humano e escravizá-lo. A idolatria molda-nos ao que o ídolo quer e acabamos deformados pelo ídolo e no final conformados porque nos dominou. No tempo de Jesus, o templo era o lugar de encontro de Deus com o seu povo, transformou-se numa casa de comércio, lugar de idolatria que reduz a religião a um comércio onde se pode comprar Deus. A ação de Jesus vai na linha dos profetas antigos, procurando a purificação. Este é o modo de usar o nome de Deus em vão. Não tem a ver com a forma como pronunciamos o nome de Deus, mas o uso do Seu nome para o nosso próprio interesse. Usar o nome de Deus para servir-se de Deus. O serviço era prestado no templo mas as intenções não eram religiosas, estavam distantes do projeto de Deus. Daí a irritação e indignação de Jesus e também dos profetas. Precisamos de nos purificar. Colocar Deus no lugar dele, isto é, em primeiro lugar, como principal e primeiro foco de atenção na nossa vida. Torna-se difícil porque há muitos ídolos que se colocam à frente e chegam mesmo a ocupar o lugar de Deus no nosso coração. Há uma frase muito interessante que resume tudo isto: “O homem afasta-se daquele que o fez quando acima dele coloca o que ele próprio fez”. Não será esta uma realidade que nos leva a não colocar Deus em primeiro lugar porque fizemos algo para o lugar d’Ele? Que o Senhor venha ao templo da nossa vida e expulse do nosso coração tudo aquilo que nos impede de colocar Deus e os seus ensinamentos em primeiro lugar.
E porque não nos queremos afastar do Senhor e ansiamos para que entre no Templo das nossas vidas, pois estamos dispostos a aprender com Ele, reflitamos juntos:
Que coisas tenho que poderão estar a ocupar o lugar de Deus, mesmo sem eu ter consciência disso?
A minha relação com Deus tem alguns contornos de negócio?
O que procuro na minha relação com a Igreja? Verdadeiro encontro com Deus ou tradições, alívio de consciência, promessas…
Como estou a lidar com aquela minha atitude que estou a mudar nesta Quaresma?
Jesus quer a purificação do templo e libertar-nos da idolatria. Peçamos ao Senhor que nos conceda o dom duma autêntica conversão e purifique o nosso coração de todos os deuses. Invocamos a sua misericórdia.
Rezemos todos juntos: Perdoa-nos, Senhor, porque caímos na idolatria e em Teu lugar nos colocámos a nós mesmos ou outros deuses feitos pelas nossas mãos. Amén
Senhor, nosso Deus de misericórdia infinita, vinde até nós e purificai os nossos corações e fazei-nos ver que não existe nada mais importante que Vós.
E benzemo-nos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo